segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

A globalização do crime organizado

No inicio do mês, fomos invadidos por um filme de ação hollywoodiano ou " Tropa de Elite I e II",em nossas salas.
Algumas emissoras de televisão disputavam audiências de seus telejornais e de quem transmitia em tempo real o conflito entre policiais e narcotraficantes, nas favelas do complexo do Alemão.
Toda a sociedade brasileira apoiou a ação dos militares contra a facção criminosa que domina as favelas cariocas, assim como a população estadunidense apoiou as ações de Bush contra o Afeganistão e o Iraque de Saddam Hussein, depois vistas como uma farsa do governo George W. Bush.
Tem se apoiado a ação e instalação das UPPs (Unidades Policiais Pacificadoras), que devem ficar nas comunidades do complexo do Alemão e Rocinha até o término da Copa do Mundo de 2014.Do outro ângulo, vemos a segregação das favelas,onde se constróem muros para esconder a favela da cidade,para não afugentar os investidores transnacionais e o turismo.
O caso do Rio de Janeiro é só a ponta do iceberg,a questão do crime organizado é global, atinge desde os grandes centros urbanos até as pequenas e médias cidades do Brasil profundo, como os países ricos do norte aos países do sul do globo,bem como as esferas dos poderes legislativo,executivo e judiciário.Ele é uma transnacional que está em todos os lugares do mundo ao mesmo tempo.
O crime organizado salvou o capitalismo em 2009,pois movimenta o sistema bancário internacional em torno de 400 bilhões de dólares ao ano,desde o tráfico de drogas,armas e de pessoas.
Segundo dados revelados pelo saite Wikileaks,de que principais bancos e financeiras estadunidenses como Wells Fargo,Citigroup,Bank of America,American Express, Western Union, HSBC e o Banco Santander,lucraram durante anos com a lavagem de fundos provinientes do tráfico de drogas e pagaram multas irrisórias, sem que nenhum executivo seja preso quando as autoridades conseguem descobrir o negócio ilícito.
A indústria do assalto, roubo, pistolagem, sequestro ,como da segurança privada , dos condomínios privados, prostituição, armamentista, têm alimentado o capitalismo mundial nestes tempos de crise financeira, pois muitos delinquentes são ao mesmo tempo soldados sazonais e exército de reserva do narcotráfico.Os que festejam a ação do exército nas favelas cariocas são os mesmos que financiam as ações do narcotráfico e se beneficiam dele,como muitas campanhas eleitorais e partidos políticos absorveram o dinheiro sujo e está mão de obra sobrante, arregimentada pelos senhores do tráfico.
Além de financiarem a venda de drogas e armas, pois muitos agora estão seguros e podem caminhar despreocupados no calçadão de sua praia,são os mesmos que financiam a violência do crime organizado nos morros cariocas e em vastas regiões do Brasil,em que as maiores vitimas são os pobres, jovens e negros.
As UPPs podem resolver o problema a curto e médio prazo,mas não irá resolver o problema definitivo da violência no Rio de Janeiro.Quando as UPPs saírem as facções reocuparão o antigo lugar,novas facções paramilitares continuarão e ocuparão o lugar das antigas facções que controlam e dominam estas regiões.
Só no Brasil em torno de 33 mil adolescentes serão executados nos grandes centros urbanos entre 2007-2013, vítimas da violência, em sua maioria pobre,negro e de sexo masculino.
O combate ao crime deve ser o combate ao capitalismo e ao neoliberalismo em escala global,pois a violência que rege hoje é uma aposta pela economia e processos políticos que atentam contra a vida das pessoas.
Isso quer dizer que se privilegia o Estado e a sua segurança.A superação da violência não deve vir de ações extremas e que laceram as pessoas, senão do fortalecimento de vínculos comunitários.As medidas tomadas não serão eficientes se não houver atenção às condições sociais concretas, políticas e econômicas que permitem e incentivam o surgimento da criminalidade.



Júlio Lázaro Torma

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