domingo, 10 de abril de 2011

A Morte no Rio de Janeiro

Todos nós estamos chocados pela tragédia da Escola Municipal Tasso Silveira no bairro popular do Realengo, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, onde Wellington Menezes Oliveira de 24 anos, abriu fogo contra alunos/as menores de 12 a 14 anos, que resultou em 12 mortos e 20 feridos.
O caso nos chama a vários questionamentos em nossa sociedade, questões que só discutimos quando acontecem tragédias desta magnitude e que depois são esquecidas ou empurradas pela barriga, até acontecer outra tragédia e assim sucessivamente até se tornar banalidade como é a violência diária e normativa que convivemos.
O caso da Escola do Realengo nos apresenta vários fatores que devem ser analisados pelas áreas de psicologia, filosofia, teologia, sociologia, direito e política. Este caso só semelhantes na Inglaterra, Suécia,Noruega e Estados Unidos da América.
Pela ação, o criminoso agiu premeditadamente, como ter elaborado a ação, saber atirar bem, escrever uma carta, ter anunciado uma semana antes do crime no orkut: " Não estou chorando,estou me preparando para um massacre que vou levar a cabo na escola onde fui bolinado.Em breve teremos um documentário estilo Columbine nas televisões nacionais. Esperem"(1)
Ele chega e fala para uma professora que vai realizar uma palestra.Se a professora já conhecia o rapaz,o máximo que poderia fazer era chamar outras pessoas no local.Coisa que sabemos que não deu tempo, pois a ação foi rápida e inesperada.
Wellington, ao entrar na escola, estaria tentando acertar as contas com o seu passado e consigo mesmo.Ao atirar nas crianças, ele estava tentando na verdade executar ainda aquela criança, adolescente que há dentro de si,traumatizada; executa crianças inocentes que nada tiveram a ver com os seus fracassos e insucessos ou com os problemas que passou naquela instituição, fantasmas que estão dentro de si e que não foram extirpados.Na carta, como era de se esperar, usou uma linguagem religiosa e mostrou consciência de seus atos; demostra que sabia o que estava fazendo ou que iria fazê-lo de forma intencional.
Ao mesmo tempo em que mostra as contradições da vida moderna e dos grandes centros urbanos,tenho acesso à internet, à informação, mas não me relaciono com o vizinho do lado, não sei quem é ,vivo numa redoma de vidro, onde quero me isolar e crio um mundo artificial e acabo caindo na angústia e na depressão. O ser humano consegue viver sem relações sexuais, mas não consegue viver sem afeto e relações com o outro e para isso ele vive em sociedade, em comunidade.
Outra questão é o armamento. Podemos encontrar uma arma em qualquer esquina,sendo vendida ilegalmente; circulam no Brasil em torno de 16 milhões de armas e destas 90% nas mãos da sociedade(2).Muitas destas armas são usadas em crimes,como o da Escola Tasso Silveira, que pertenciam a pessoas de bem, armas que caíram nas mãos de bandidos ou de pessoas desequilibradas.
Fala-se: “ arma o cidadão e desarma o bandido”. Este discuros fez com que no dia 23 de outubro de 200,5, 63,44% respondessem Não no plebiscito do desarmamento.Aqueles que levantaram a bandeira surrada do Não,hoje hipocritamente e cinicamente vêm defender o desarmamento.
Se a sociedade tivesse votado pelo Sim ao desarmamento,nós não estaríamos assistindo casos de violência cotidiana e nem massacres como a do Realengo, que gera cada vez mais insegurança tanto na comunidade escolar como universitária, onde professores,estudantes e pais não têm sossego; se vou para a escola,universidade, não sei se volto vivo ou se meu filho/a voltará vivo/a para casa.Fora isso, o trauma que fica nas crianças desta escola ou de qualquer escola do Brasil,onde o próprio rendimento escolar acaba sendo prejudicado por noticias como estas que são vinculadas pela mídia.
Edmundo Bunk escrevia: " Tudo o que é necessário para o triunfo do mal é que os homens de bem não fazem nada".Estamos impotentes diante de tal situação, mas somos convocados, como sociedade, a agir para construir um mundo e uma cultura de paz. Repudiamos toda e qualquer forma de violência, reafirmamos a nossa solidariedade às vitimas, aos familiares das crianças, a professores/as e funcionário/as e reafirmamos que só teremos segurança quando houver de fato uma cultura de paz.
Façamos um minuto de silêncio diante destes brasilerinhos, cujo sangue foi derramado e, como o sangue de Abel, clama aos céus.Rezemos em nossas comunidades, igrejas, religiões por estes inocentes do Realengo e de todo o mundo.
________________________
(1) www elpais.com/
(2) dados do Movimento Viva Rio, BBC Brasil.


Júlio Lázaro Torma

Nenhum comentário:

Postar um comentário